Psicanálise com crianças - Entrevista (Parte 1)

Psicanálise com Crianças






















1. Quando uma criança precisa de atendimento psicanalítico?
Quando apresenta alguma dificuldade que atrapalha seu desenvolvimento. Dificuldades que os pais, a escola ou o médico podem detectar. Quando tem alguma doença recorrente, ansiedade acima do normal, medos exagerados. Enfim, quando tem algum sintoma que a faz sofrer, é preciso que a criança possa falar com um psicanalista para que através da palavra possam revelar o que não está bem com seu corpo e em suas relações com os outros. Pois, as palavras têm o poder tanto de desorganizar um corpo quanto reorganizá-lo.

2. Á partir de qual idade é possível fazer o tratamento?
Atendo pacientes desde a idade de três anos, mas existem trabalhos feitos desde o berçário, com os recém-nascidos que apresentam alguma doença ou sintomas e por conta disso não respondem bem ao tratamento médico. Nesse sentido (com bebês) o psicanalista faz intervenções com a criança, falando com ela, sua mãe e equipe médica.

3. Em que se baseia o tratamento psicanalítico?
Em escutar o paciente, mesmo que esse tenha pouca idade, pois, por estarmos inseridos na linguagem, tanto podemos ser aprisionados pela palavra quanto libertados. O trabalho da psicanálise se baseia em escutar o que os outros discursos deixam de fora, e pertence ao inconsciente: os sonhos, os atos falhos, os esquecimentos e os sintomas.

Com crianças utilizamos a fala, escutando o que nos dizem sobre sua vida, sua relação com os semelhantes e também utilizamos jogos, desenhos e brinquedos, que vão servir como motor para que a criança possa através deles encenar e falar de outros acontecimentos, de outras cenas acontecidas em sua vida e que de alguma forma lhes provocaram sofrimentos ou interpretações equivocadas.

Através do brincar a criança coloca no simbólico algum real ameaçador, algo que foi vivido e não foi simbolizado. Dessa forma, expressam o que está no seu inconsciente.  Temos o exemplo de uma criança, que tendo uma determinada doença, é levada ao médico e “toma uma injeção”. Na análise ela encena ser a médica e aplica a injeção. Assim, ela vive ativamente o que outrora viveu passivamente. E isso lhe possibilitará elaborar o acontecido para que isso não resulte em traumas.  A criança também pode falar sobre seus pais, seus amigos, irmãos, trabalhar os sentimentos de ciúmes, inveja, raiva. Enfim, falar sobre o que sente e que em outros lugares ela não tem a chance de ser escutada.

Andreneide Dantas
Parte 1
12/03/2014

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