Todo filho precisa ser adotado
Para que uma criança cresça e se
desenvolva de forma sadia, necessita de um Outro que se ocupe em cuidar dela. Pois
ela é sempre prematura ao nascer, se comparada à outras espécies, que conseguem se
virar sozinhas quando vem ao mundo. O
filhote humano é um ser indefeso, que não tem recursos suficientes para
satisfazer suas necessidades vitais e para se constituir como um ser falante.
Por conta disso, será por meio da
relação com esse Outro – que ocupará a função de mãe ou de pai - através do carinho, dos
cuidados e principalmente das palavras de amor, que ele poderá se desenvolver
subjetivamente.
Pois o ‘ser humano é psiquicamente um ser de filiação linguística, portanto, de
adoção”.
Para que uma criança nasça é
preciso que tenha sido desejada (mesmo que a mulher que o gerou não o saiba, que seja inconsciente) e
em relação a um filho que foi adotado ‘os
pais não podem negar que ele é um filho procurado e longamente desejado por
eles antes da sociedade os ter contentado”. Como nos disse Dolto.
Uma vez desejada e efetivada a
adoção, uma dúvida frequente dos pais é quanto a importância de que o filho conheça
sua história, sobre as condições de seu nascimento. Podemos afirmar que é
fundamental que ele saiba, pois todo
sujeito tem o direito de saber sobre sua origem. As crianças apresentam cedo essa curiosidade: como
nasceram, de onde vieram e como foram concebidas. E para dar conta dessas
interrogações fazem confabulações para lidar com esse “não saber”.
Diferente do que muitos pais
acreditam, elas têm condições de suportar a verdade, e eles precisam ter condições
de dizê-la! É melhor saber a verdade e encontrar, com a ajuda dos pais, condições
para elaborar o sabido, do que viver sob o peso de um segredo que pode atrapalhar
sua existência.
O mais importante é o amor desses
pais - independente se o filho foi gerado ou não por eles - para que haja a constituição e depois a ‘resolução do édipo do filho’, que vai consistir em ele assumir a sua identidade, renunciando à
identificação com o objeto de prazer e de desejo de cada um dos pais tutelado.Mais uma vez cito Dolto.
Andreneide Dantas
31/03/16
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Artigo completo no site da Escuta Analitica http://escutaanalitica.com.br/?p=631