Quando uma criança nasce, ela é sempre pré-matura quando comparada aos outros filhotes. Enquanto os outros mamíferos já conseguem andar e buscar seu alimento, a criança precisa de um Outro que se encarregue dela, pois ela não tem condições de se virar sozinha.
É imprescindível que alguém cumpra essa função: de alimentá-la, banhá-la e cuidá-la. Geralmente é a mãe quem vai a esse lugar, mas também pode ser uma avó, uma tia ou uma cuidadora. O importante é que esse Outro (com letra maiúscula) cuide dela, senão ela não sobreviverá.
Entretanto, é importante que a mãe (ou quem vá a esse lugar), não cuide somente das necessidades básicas, quanto á fisiologia do corpo, e sim, que enquanto ela cuide da criança, ela olhe e fale com ela.
Pois, quando uma criança tem a sorte de encontrar alguém que faça dessa forma, encontrará alguém que olhe para ela enquanto a alimenta e enquanto cuida de seu pequeno e frágil corpo. Dessa forma, a mãe vai nomear o corpo do seu filho que é fragmentado, e assim, de uma forma simbólica fará uma inscrição na sua boca, nos seus olhos, seu nariz, seu sexo, etc.
Esses gestos vão proporcionar com que o corpo do bebê, que é um corpo biológico, passe a ser um corpo nomeado, um corpo simbólico, marcado pela fala, pelo significante.
Portanto, um corpo que responderá ao discurso materno.
É fato que os bebês quando nascem não conseguem ainda falar, pois não tem condições orgânicas para isso. Então, a única forma com que eles terão de mostrar o que sentem será através de seus choros e seus gritos. Chorarão ou gritarão quando estiverem com fome, com frio, com sede, dor, etc. E a cada grito ou choro emitido, a mãe vai interpretar: “meu filho está com frio”, “ está com sede”... etc..
Aqui, uma relação terá sido estabelecida entre a mãe e o filho.
Algumas mães (de primeira viagem) sofrem durante a gravidez, porque sentem medo de não saber o que fazer, como cuidar de seu filho, dizendo do temor de não saberem o que eles vão sentir, porque eles não saberão falar.
Esses temores são pertinentes, pois mostram que essa futura mãe se importa com esse que está por nascer. E nós sabemos que ela terá que aprender a cuidar dele, pois isso não se sabe a priori, mas também sabemos que por ser a maternidade um momento de ressignificação da infância dessa mulher, podemos encontrar alguns problemas.
O importante é que a mãe, o pai e a família fiquem atentos ao que está acontecendo, e busquem ajuda sempre que perceberem que “algo” não está bem.
Andreneide Dantas
08/12/11
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