Você sabe o que seu filho (bebê) quer?



Quando uma criança nasce, ela é sempre pré-matura quando comparada aos outros filhotes. Enquanto os outros mamíferos já conseguem andar e buscar seu alimento, a criança precisa de um Outro que se encarregue dela, pois ela não tem condições de se virar sozinha.

É imprescindível que alguém cumpra essa função: de alimentá-la, banhá-la e cuidá-la. Geralmente é a mãe quem vai a esse lugar, mas também pode ser uma avó, uma tia ou uma cuidadora. O importante é que esse Outro (com letra maiúscula) cuide dela, senão ela não sobreviverá.

Entretanto, é importante que a mãe (ou quem vá a esse lugar), não cuide somente das necessidades básicas, quanto á fisiologia do corpo, e sim, que enquanto ela cuide da criança, ela olhe e fale com ela.

Pois, quando uma criança tem a sorte de encontrar alguém que faça dessa forma, encontrará alguém que olhe para ela enquanto a alimenta e enquanto cuida de seu pequeno e frágil corpo. Dessa forma, a mãe vai nomear o corpo do seu filho que é fragmentado, e assim, de uma forma simbólica fará uma inscrição na sua boca, nos seus olhos, seu nariz, seu sexo, etc.

Muitas vezes enquanto ela fala, faz um carinho, uma brincadeira, outras vezes, fará comparações, remetendo à semelhança de alguma parte do corpo com a parte do corpo de um familiar: do pai, avô, tio, dela própria, etc.

Esses gestos vão proporcionar com que o corpo do bebê, que é um corpo biológico, passe a ser um corpo nomeado, um corpo simbólico, marcado pela fala, pelo significante. 


Portanto, um corpo que responderá ao discurso materno.

É fato que os bebês quando nascem não conseguem ainda falar, pois não tem condições orgânicas para isso. Então, a única forma com que eles terão de mostrar o que sentem será através de seus choros e seus gritos. Chorarão ou gritarão quando estiverem com fome, com frio, com sede, dor, etc. E a cada grito ou choro emitido, a mãe vai interpretar: “meu filho está com frio”,está com sede”... etc..

Aqui, uma relação terá sido estabelecida entre a mãe e o filho.

Algumas mães (de primeira viagem) sofrem durante a gravidez, porque sentem medo de não saber o que fazer, como cuidar de seu filho, dizendo do temor de não saberem o que eles vão sentir, porque eles não saberão falar.

Esses temores são pertinentes, pois mostram que essa futura mãe se importa com esse que está por nascer. E nós sabemos que ela terá que aprender a cuidar dele, pois isso não se sabe a priori, mas também sabemos que por ser a maternidade um momento de ressignificação da infância dessa mulher, podemos encontrar alguns problemas.

O importante é que a mãe, o pai e a família fiquem atentos ao que está acontecendo, e busquem ajuda sempre que perceberem que “algo” não está bem.

Andreneide Dantas  


#escutaanalitica1

Comentários

  1. Muito Bom ! a linguagem está clara, dando muito bem pra captar a 'mensagem' que o texto passa. Um bebê não necessita de alguém que cuide dele apenas fisicamente ( que dê banho, que alimente ), o bebê necessita de todo amor e carinho de seus cuidadores, além de que o futuro desse bebê será reflexo das pessoas que cuidam dele. As pessoas que irão cuidar desse bebê refletirão também os cuidados que elas tiveram na infância, muitas vezes um trauma pode influenciar no futuro dessa criança.
    E as atitudes dos cuidadores para com o bebê também facilitam no entendimento, pois pelo fato da criança não falar, os gestos e os sinais, quem dirão do que ela precisa naquele exato momento em que ela chora ou grita.

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