Por que Escuta Analítica?




Porque é o que melhor define nossa prática: a escuta que, desde Freud, tem possibilitado àquele que sofre, encontrar-se naquilo que diz. Pois, é através do discurso que o sujeito revela seus sintomas e só através da palavra pode livrar-se "disso" que o incomoda e faz sofrer.

No início da análise as queixas referem-se à mãe, pai, chefes, namorado, filhos, marido, esposa, falta de sorte, destino, etc. Chegam em posição de "objetos", acreditando-se vítimas que nada têm a ver com o que lhes acontecem e nada podem fazer a respeito da desordem em que se encontram, porque "foram colocados" neste lugar, como nos situa o psicanalista Roberto Harari.

O trabalho do analista, é mostrar ao analisando sua insubstituível colaboração para sair desta desordem. Ele escuta o discurso do paciente sem tentar compreender o que este fala, ao contrário, lê aquilo que escapa aos outros campos de discurso. Trabalha com os lapsos, sonhos, interroga sobre os esquecimentos, lembranças e sintomas. Partindo do princípio que um ato falho, um lapso, pode falhar em relação à comunicação, mas, revelam  uma verdade inconsciente.

Um sintoma sempre diz algo, mesmo que seja em forma de enigma; porém, alguns não querem saber sobre as causas dos sintomas: por que adoeceram em determinado momento de suas vidas, não conseguem parar de comer em excesso, fracassam no trabalho, no namoro ou no casamento, não conseguem ter filhos, são dependentes químicos ou dependentes de alguém, etc.


A análise possibilita ao sujeito descobrir acerca do desejo inconsciente e da satisfação inconsciente (gozo) que o mantém ligado aos sintomas. Quando faz esta descoberta, pode se dar um lugar diferente daquele que tinha antes de ser analisado. Assume que é responsável por seus sucessos e também por seus fracassos!

Pode organizar-se em seu discurso e encontrar o fio que permite sair do "labirinto" de seu próprio adoecimento. 

Trabalhamos com o desejo inconsciente, que é território de descoberta. Muitos analisandos surpreendem-se quando descobrem que o que dizem ou deixam de dizer, tem conseqüências em seu corpo e em suas vidas.

O analista se ocupa especialmente daquilo que "não anda" para o paciente, suas inibições, seus impedimentos, fracassos, doenças. Trabalhamos com cada sujeito em particular. Se cada indivíduo tem sua história, (seu lugar ao nascer - se foi desejado ou não - sua posição na cadeia familiar, irmãos) sua subjetividade, sua singularidade, analisamos cada caso como único, não existindo uma resposta coletiva. 

Falando no dispositivo analítico de si, de sua história, cada um pode descobrir seu próprio desejo inconsciente e também sua forma de gozar!

Algumas pessoas questionam o tempo da sessão na análise lacaniana: é um tempo onde as sessões não são reguladas estritamente pelo relógio, mas por um tempo lógico, tempo do inconsciente, em que o analista escuta, interroga e pontua a fala do analisando, podendo cortar a sessão no determinado momento em função do aparecimento de um representante do inconsciente (significante). Este momento é sempre inesperado, e o corte permite a continuidade do trabalho do inconsciente, possibilita que mesmo fora da sessão, o sujeito continue associando, fazendo suas descobertas.

Uma experiência de análise não é fácil de explicar, mas, para aqueles que pretendem saber sobre seu desejo; porque adoecem e se desorientam, a análise é o caminho.



Andreneide Dantas


#escutaanalitica1

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