Espera e o ritmo de desenvolvimento do bebê.

(Imagem retirada da internet para fins de ilustração)        

Quando uma criança nasce, já existe um mundo de linguagem esperando-a. Um nome foi escolhido, expectativas tiveram lugar, às vezes com sentimentos bons e outras vezes nem tanto...


E vai ser em relação a essa demanda (todo o discurso do seu meio familiar) que ela vai responder com seu corpo frágil, característico dessa fase de vida. Responderá principalmente, ao desejo da mãe ou de quem vá a esse lugar.

Se a criança vai chorar muito ou pouco, se vai mamar, pegar no bico do peito da mãe, dormir nas horas "certas" (espera-se que durante á noite), se vai crescer dentro do esperado para sua faixa etária, se vai sorrir, interagir, engordar, etc. Tudo isso vai depender da qualidade do vínculo e do desejo desse Outro que vai se ocupar dela.

Isso significa que o seu desenvolvimento vai ser marcado e pontuado de acordo com os cuidados e desejo dessa mãe. Será través do seu discurso e do desejo inconsciente dela, que ela vai indicar e "mapear" o desenvolvimento físico e psíquico desse filho. E se por algum motivo, (muitas vezes inconsciente) ela não desejar, seu filho não se desenvolverá dentro do tempo aproximado previsto, mesmo que ele tenha condições físicas e orgânicas para isso.

A qualidade do vínculo que a mãe estabelece com seu filho é tão importante, que mesmo, quando o bebê nasce com algumas complicações orgânicas, o amor, o carinho e o discurso dela podem “contrariar” os manuais médicos e marcar no corpo de seu filho um ritmo de desenvolvimento muito melhor, do que para outra com as mesmas condições orgânicas. Vemos esse exemplo naquelas crianças que nascem com alguma síndrome e tendo um ambiente discursivo que estimule seu desenvolvimento, elas conseguem. 

Sendo assim, é muito importante que a mãe olhe para o filho, fale com ele enquanto o amamenta, fale sobre seu corpo. Dessa forma, vai simbolizando esse corpo biológico e ele vai se transformando em um corpo que responde ao simbólico, ao "mundo das palavras".

Um exemplo disso, é quando um filho emite um choro e ela descobre que ele fez cocô. Ela interpreta esse ato e da próxima vez, ele vai chorar da "mesma forma" para indicar o que ele fez. O mesmo vale para o xixi, dor de ouvido, etc. Lembro de uma mãe que com poucos dias do filho nascido, disse para seu médico que ele tinha sorrido, o mesmo respondeu que não, que ele "teve espasmos fisiológicos, pois era muito novo para sorrir". Ao que ela respondeu: “Meu filho sorriu para mim”. Ela recebeu um sorriso desse filho e lhe deu uma palavra, transformou um signo orgânico em um significante, sendo uma palavra carregada de sentido. Nesse caso, sabemos bem que o sentido é  do amor.

Portanto, mães e pais falem com seus filhos e quando perceberem que eles não estão se desenvolvendo, perguntem-se: “O que está acontecendo?” ou “O que estou fazendo?”. "O que posso mudar?"

Andreneide Dantas
14/09/12

#escutaanalitica1

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