Brincar é coisa séria

                                



Tem sido muito falado na mídia sobre a importância do brincar. Isso é um fato! Mas o que nos chama atenção é o porquê da necessidade de falarmos sobre um assunto que é de conhecimento de todos. Se não é, deveria ser.

Pensei e cheguei à conclusão de que se precisamos divulgar e defender a importância do brincar é porque a situação está complicada. E isso é consequência da vida moderna e de toda a carga de obrigações colocadas muito cedo para as crianças.

Há algum tempo, a vida adulta era reconhecida pela entrada no mercado de trabalho, passando pelo fim da adolescência, quando os meninos e meninas iam pouco a pouco abandonando seus brinquedos e brincadeiras. Ou melhor dizendo, substituíam, à medida que se interessavam pelo sexo com parceiros, com as paqueras, namoros, saídas para bailinhos e festas, sem a presença dos pais.

Hoje encontramos cada vez mais cedo, crianças com agenda de adultos e não têm tempo para brincar ou que brincam virtualmente.

O brincar é importante, pois desde cedo é através dele que a criança aprende a explorar o mundo. Ele também caminha de mãos dadas com a fantasia, (assunto para outro momento), pois, através desses atos, a criança encena uma vivência, explora o mundo e suas possibilidades, aprende, conta e reconta, assimila situações. Também pode representar uma experiência, quer tenha sido prazerosa ou dolorosa. Por exemplo: quando uma necessidade ou um prazer desejado não é satisfeito, quando o bebê quer mamar e não é satisfeito, prontamente ele fantasia e faz gestos com seus pequenos lábios (encenando que está mamando).

Nesse caso, quando o faz, coloca à distância um sentimento negativo e com esse ato, reproduz ativamente uma experiência que viveu passivamente. E a importância disso é que dessa forma diminui a angústia vivida anteriormente, colocando-se como autores da cena e não mais como passivos diante do mundo e das situações.

Na análise, quando a criança brinca, ela representa e mostra o que ela sabe, ela nos “diz” o que está acontecendo. De forma simbólica representam o real que é muitas vezes angustiante e ameaçador.

Aqueles que não brincaram quando criança, ou que não deixam de brincar, sofrem as consequências desse ato tão importante.

Isso posto, é de fundamental importância que as crianças brinquem!

Brinquem para aliviar a angústia, para transformar a realidade, simbolicamente, brinquem para explorar o mundo, para encenarem, aprenderem, fantasiarem e se constituírem como seres desejantes.

Andreneide Dantas
Psicanalista e Psicóloga
Diretora da Escuta Analítica — Clínica de Psicanálise

23/02/11



#escutaanalitica1


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