Como dizer "Não"!



Essa é uma tarefa nada fácil para muitas pessoas, principalmente para os pais que nos procuram aflitos, porque seus filhos estão muito agressivos, violentos, ou que se recusam a dormir, comer e ou tomar banho.

Essas últimas, tarefas simples do dia-a-dia de todo sujeito, mas que nesses casos são acompanhadas de brigas, xingamentos e gritos, que desconcertam os pais e adoecem os filhos.

Existe uma crença nesses pais de que seus filhos não os obedecem porque tem algum problema orgânico, "talvez"  alguma doença ou algum gene “ruim” herdado de um parente distante, quem sabe aquele parente “menosprezado”.

Quando investigamos o cotidiano dessas famílias, descobrimos que são muito permissivos, portam-se como "amigos" dos filhos, influenciados pelo imaginário social, que dita a moda equivocada do “seja amigo do seu filho”.

Pensar e agir assim, é um grande equívoco, que atrapalha o desenvolvimento psíquico da criança e promove o enfraquecimento da autoridade paterna.

Não é verdade que os filhos querem que seus pais sejam seus amigos, pois esses, eles escolhem na escola, condomínio, clube, etc. O que querem e precisam, é encontrar um pai e uma mãe exatamente naqueles que tem o poder de exercer essas funções.

E quando não encontram, é porque esse homem e essa mulher, não se autorizam a ir ao lugar, de pai e de mãe. Lugar esse, que deveria coincidir com a escolha de ter um filho. Mas, sabemos que as coisas não são simples assim.

Esses homens e mulheres se atrapalham e prejudicam a vida dos filhos, igualando os membros da família e abolindo a hierarquia familiar. E sem a diferenciação, de quem um e de quem é o outro, quem são os pais e quem é o filho, a criança fica sem saber quem ele é, e a quem recorrer para lhe proteger e ensinar como deve se portar no mundo.

Sem um adulto que lhe ensine que “não pode tudo”, a criança se comportará como “um pequeno selvagem” como disse uma paciente; não saberá distinguir o que é certo e o que é errado; o que dizer; até onde pode ir. Ficam sem os limites, àquilo que coloca um "basta" na pulsão de morte, que é inerente a todo humano. 

Se isso não acontecer, os filhos não terão a oportunidade de lidar com sua agressividade , e "quem" terá lugar serão: as doenças, sintomas, depressões, pânicos, comportamentos violentes, etc. Cada vez mais comum em muitos lares, inclusive em crianças com pouca idade.

E o fato dos pais não assumirem sua funções de detentores da lei, o fato de não colocarem limites nos filhos, é porque primeiramente, são eles que não conseguem ouvir esse “Não! E isso reside na dificuldade que é anterior ao nascimento dos mesmos, que tem a ver com sua história com seus próprios pais.

E se não conseguem ouvir, não conseguirão falar esse “Não!”.


Andreneide Dantas
Psicanalista e Psicóloga


#escutaanalitica1 



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