Escutamos o sujeito que sofre
Entendemos com isso, que mais importante que a doença que
esse sujeito tenha ou um diagnóstico que ele tenha recebido (hoje em dia existe uma proliferação), é o fato de que
esse mal-estar ou sintoma (por mais grave que seja) sempre significa "algo" para
ele, mesmo que seja na forma de enigma.
E à medida que vamos investigando, descobrimos que existiram
muitos acontecimentos anteriores a ’crise’, que não foram levados em consideração,
pois na maioria das vezes foram vistos como algo que “passaria” ou que o tempo
resolveria. Até que chega um dia que aquilo que foi jogado para "debaixo do tapete", toma uma proporção tão grande, que fica impossível de ser ignorado. Pois existem
situações e sintomas, que em vez de serem melhorados com o passar do tempo, são
potencializados.
Nesse momento é quando tem lugar: uma crise de angústia forte, que pode
desencadear uma síndrome do pânico, uma depressão, desorientação em relação ao que fazer, inibições, impedimentos que paralisam a vida escolar ou profissional, ou obstáculos em relação as escolhas amorosas... Podem também desencadear doenças "letais", comportamentos de riscos ou problemas com drogas...
Quando conseguem buscar ajuda e empreendem uma análise, esses sujeitos se surpreendem quando descobrem que
aquilo que eles falam cotidianamente tem relação com o seu sofrimento. Que quando escolhem dizer uma palavra e não uma outra, sofrem os efeitos dela no seu
corpo. Isso é assim, porque o significante (a palavra) que eles enunciam tem efeito em seu corpo e comportamento, assim como teve e tem, as palavras que ouviu do Outro que o cuidou (mãe) e marcou seu desenvolvimento.
Dessa forma, fazendo-se responsável pelo que diz, o sujeito
sofredor pode falar de seu corpo adoecido, suas tristezas, desorientações, podem produzir novos significantes, fazer associações entre uma dor
física e um sofrimento que causou dor, e que antes foi ignorada. Desta forma poderão
curar as feridas causadas por um gozo que destrói o corpo...
Andreneide Dantas
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