Quando alguém é promovido, faz
aniversário, passa da fase da infância para a adolescência, da adolescência
para a fase adulta, não significa que vá assumir esse novo cargo, nova idade,
nova fase de vida automaticamente, pois se trata de sujeitos e não de máquinas.
Em relação a maternidade e
paternidade também acontece algo parecido, pois não é garantido que quando um
homem ou uma mulher tenham filhos (gerando, procriando e ou adotando) que eles encarreguem-se
da função de pais.
Em qualquer uma das situações
acima, é fundamental que eles se autorizem a assumir essa nova função ou fase, se
não, não será possível. Pois isso não é algo que é dado pelo outro ou tenha a
ver somente com a passagem do tempo ou amadurecimento biológico.
Na clínica, recebemos pais
angustiados em relação ao sofrimento e indisciplina dos filhos e nas
entrevistas - em alguns casos - o que nos chama a atenção é quando dizem: ‘Eu falei para o meu filho: a mamãe está mandando você estudar “. E a
queixa é que esse filho não fez o que ela “mandou”.
Perceberam que nesse dito essa
mãe não está em função? Pois não se autoriza, antes refere-se à sua própria mãe.
Ou quando dizem “filho vai com o papai
“, nesse caso ela fica como se fosse filha do marido e irmã de seu filho.
Isso que parece “carinhoso”,
custa caro para essa família, pois dessa forma, todos ficam fora de seus
lugares e isso traz consequências graves.
Alguns pais nos dizem, que é
somente uma forma de falar, mas o que eles não sabem, é que nessa forma de falar, essa "loucura" discursiva afeta o comportamento de cada um deles.
Sem exceção, em todos esses casos, tanto essa mãe, avó, e esse pai, estava se remetendo ao lugar deles enquanto filhos e neta. Algo do infantil deles retornava quando se dirigiam a família que geraram. Mas, eles não sabiam... pois isso é algo que é inconsciente.
Sigmund Freud, psicanalista,
criador da psicanálise, nos disse que as pessoas primeiro cedem nas palavras e
depois elas cedem nos atos. E ceder nas palavras é prejudicial, pois falar não
é sem consequências, uma vez que nossa fala afeta diretamente nosso corpo e
nossas vidas á ponto de produzir sintomas e doenças.
Quando um pai diz “Filho, eu quero que você vá estudar!“, é muito diferente de dizer “papai quer
que você vá estudar“. Em uma situação ele se autoriza enquanto pai, e está
em uma posição de hierarquia, em outro, está fora de seu lugar e a chance de
ser respeitado é nula.
E quando não estão situados em
sua função de pai e ou mãe é porque não conseguem, pois existem empecilhos,
questões inconscientes em relação ao seu lugar infantil junto aos seus próprios pais.
Andreneide Dantas
22/12/15
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Andreneide Dantas
22/12/15
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